Holocausto brasileiro, Nós vivemos um

   Recentemente li o livro da jornalista Daniela Arbex sobre as 60 mil mortes no maior hospício do Brasil. O livro chama-se Holocausto Brasileiro.

            Tais fatos se passaram no século XX no Colônia, cidade de Barbacena- Minas Gerais. Quero compartilhar com vocês os fatos que mais me chamaram a atenção (e me tiraram o sono). 
        A leitura deste livro foi muito importante para mim porque, essa parte horrível da psiquiatria foi praticamente esquecida, esquecida da mesma maneira que aquelas pessoas foram deixadas lá para morrer. E também porque a luta por um atendimento humanizado ainda não acabou.


Os fatos

     Conta-se que logo ao entrar nos prédios já se sentia um odor horrível vindo do interior das acomodações. Os “pacientes” não tinham camas, dormiam em um monte de capim (pela manha esses capins eram levados ao sol para secar porque continham urina). Viviam sujos, sem roupas ou mesmo com trapos. Não tinham direito nem de ter uma boa higiene pessoal.

    Vários pacientes morriam de frio á noite e pela manha os cadáveres misturavam-se com os ainda vivos.

       A falta de higiene era total trazendo ainda mais doenças para os pacientes, que bebiam água do esgoto e dividiam o espaço com ratos. Muitos ainda passavam fome por não conseguirem comer bichos (como muitos faziam).

   Várias pessoas não tinham nenhum diagnostico de doença mental, eram mães solteiras, alcoolistas, pobres, mendigos e tudo mais que essa sociedade preconceituosa considera indesejada, inclusive os tais insanos.

   As pessoas chegavam no Colônia em vagões de carga, igual os judeus levados durante a Segunda Guerra Mundial para os campos de concentração nazista.  Esta ai o porquê de ser considerado o Holocausto Brasileiro.

  O uso do eletrochoque não era terapêutico, muito pelo contrário, era usado como castigo. E mais pessoas morriam depois das descargas elétricas sofridas.

   Algumas mulheres engravidavam. O relato de uma em especial me chamou a atenção. Ela passava fezes na barriga para ninguém ter coragem de chegar perto dela. Sofria violência física e queria proteger o bebê. Os bebês eram tirados da mãe, e elas nunca mais tinham noticia deles.

    Havia também a venda de corpos para as faculdades de medicina, quando as faculdades não quiseram mais comprar os corpos (porque já tinham o bastante) começaram a decompor os corpos em ácidos, na frente de todos os pacientes, para vender apenas os ossos.

   Eu quero que toda essa revolta que tais fatos me causaram nunca passe. É com a ajuda desse sentimento que eu quero trabalhar e lutar junto com outros profissionais da saúde, por um atendimento humano para pessoas.

Até parece irônico, lutar por tratamento humano para seres humanos, mas o que acontece é que pessoas são tratadas pior que lixo. Pergunto-me: quando foi que nos esquecemos do amor ao próximo? Quando foi que começamos a classificar as pessoas por sua cor, sexo, e até por doenças que possui?

Super recomendo este livro, que tem vários outros fatos, com fotos da época e ainda relatos de sobreviventes. O livro é ótimo e detalhado, vale a pena à leitura.

Recomendo também que assistam o documentário filmado na época no Colônia, chama-se Em nome da razão.
                                                                      Abraço!!!


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