Diário de enfermagem #1 Convivendo com a Morte nos hospitais
Convivendo com a Morte nos hospitais
Morte é a ausência definitiva, escreveu o Dr. Drauzio Varella
em seu livro Por um fio. Todos têm consciência disso, nos acostumamos a dizer
que a morte é a nossa única certeza, porém será que a enfrentamos de frente?
Em minha
opinião, é claro que não. A nossa sociedade exclui a morte, quase que negando a
sua existência, e ainda não a aceita. A criogenia humana é prova disso, manter
cadáveres congelados por anos, até os cientistas descobrirem como
ressuscitá-los, é nunca ter aceitado a morte, mesmo depois que ela já
aconteceu.
A primeira
vez que tive contato com a morte em hospital faz uns dois anos, e no momento senti
uma sensação de fracasso. Você estuda cinco anos e a única mensagem que é
passada é: salve vidas. E naquele momento, não havia mais nada para ser feito.
Depois dos
cuidados de enfermagem, o meu professor venho conversar comigo e com os meus
colegas e as palavras dele, me fizeram mudar totalmente até hoje. Ele disse que
sempre foi a favor da enfermagem fazer os cuidados pós-morte, porque o respeito
que a enfermagem tem pelas pessoas mesmo depois da morte é imenso. E disse
também sobre respeitar esse momento da vida. Respeitar a morte.
Depois disso eu aprendi, a morte faz parte da
vida, e é nosso dever parar de se achar superior a tudo, e respeitar a hora de
cada um. Com certeza, devemos refletir mais sobre isso, e garantir que as
pessoas tenham uma morte digna, sem dor, com respeito, se elas quiserem morrer
em casa que possamos permitir isso. As faculdades precisam ensinar mais isso
aos alunos, ensinar que faz parte de uma boa vida ter uma boa morte.
É claro que as nossas crenças pessoais nos movem, e levamos
isso para o nosso trabalho também, eu não acho que dá para separar o Eu
enfermeira e o Eu vida pessoal. Sou uma pessoa completa e não uma pessoa
fragmentada. E acredito que com todos deve ser assim também. Por isso devemos
tomar cuidado para não passar para o paciente aquilo que nós achamos correto e não deixar espaço para que o paciente possa escolher por ele mesmo, o
que é melhor para ele.
Abraços!!!
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